terça-feira, 27 de setembro de 2016

Morcego-arborícola-gigante & passeriformes

Macho de Nyctalus lasiopterus

O Morcego-arborícola-gigante (Nyctalus lasiopterus) é o maior morcego da Europa, podendo chegar a medir cerca de 50cm de envergadura, AQUI podem ler mais sobre as suas características morfológicas e ecológicas.
A sua dieta baseia-se em borboletas noturnas, odonatas e coleópteros. Contudo em épocas muito específicas a sua estratégia trófica muda completamente. Durante as épocas de migração primaveril e outonal dos passeriformes, a sua dieta deixa de ser exclusivamente insetívora e passa a ser preponderantemente carnívora, alimentando-se de passeriformes que se encontram em migração. Os recentes estudos realizados por investigadores (Ibáñez et al., 2016), demostraram que os passeriformes são capturados e provavelmente consumidos em pleno voo a uma altitude bastante considerável (> 500m) durante as migrações ou movimentos dispersantes regionais dos passeriformes. Este comportamento não é um episódico, visto que durante este período cerca de metade dos dejetos de Nyctalus lasiopterus são totalmente constituídos por penas e a listagem de espécies encontradas nos dejetos ascende a 31:
Calandrella brachydactyla
Carduelis cannabina
Serinus serinus
Riparia riparia
Anthus pratensis
Anthus trivialis
Ficedula hypoleuca
Muscicapa striata
Regulus ignicapilla
Acrocephalus schoenobaenus
Acrocephalus scirpaceus
Cettia cetti
Hippolais polyglota
Locustella naevia
Phylloscopus bonelli
Phylloscopus collybita
Phylloscopus trochilus
Sylvia atricapilla
Sylvia borin
Sylvia cantillans
Sylvia communis
Sylvia conspicillata
Sylvia hortensis
Sylvia melanocephala
Sylvia undata
Erithacus rubecula
Luscinia megarhynchos
Oenanthe oenanthe
Phoenicurus phoenicurus
Saxicola rubetra
Saxicola torquata

Referencia bibliográfica:
Ibáñez C., Popa-Lisseanu A. G., Pastor-Beviá D., García-Mudarra J. L. & Juste J. (2016) Concealed by darkness: interactions between predatory bats and nocturnally migrating songbirds illuminated by DNA sequencing. DOI:10.1111/mec.13831.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Machos em época de reprodução

A localização dos testículos dos morcegos varia entre famílias. De um modo geral nos vespertilionidae, os testículos descem quando nascem e situam-se abaixo do pénis, já nos rhinolophidae os testículos e o pênis estão localizados ligeiramente mais acima no baixo-ventre.
A atividade espermatogênica da maior parte dos morcegos tem o seu pico no final do verão e início do outono (época de swarming), nesta altura a maturação e ativação dos espermatozoides é realizada nos epidídimos. Deste modo, o estado reprodutivo pode ser avaliado pela inspeção visual dos testículos e dos epidídimos. Durante a espermatogénese (produção de espermatozoides) os tamanho dos testículos aumenta consideravelmente, os quais vão libertando os espermatozoides para os epidídimos, provocando uma diminuição dos testículos e aumentos dos epidídimos.

A) Representa a condição inativa de reprodução (março-junho); B) representa a etapa de espermatogéneses completa (julho-agosto); C) representa a condição dos indivíduos em período de acasalamento e por consequente têm os espermatozoides maduros armazenados s na cauda dos epidídimos (adaptado de Tobón, 2010)

Deste modo, o estado reprodutivo dos morcegos machos, caracterizam-se através de quatro parâmetros:
Tamanho dos testículos:
1 - Não inchados
2 - Pouco inchados
3 - Intermediamente inchados
4 - Inchaço evidente
5 - Inchaço muito evidente
 Cor dos epidídimos:
1 - Muito claros
2 - Claros
3 - Intermédios
4 - Escuro
5 - Muitos escuros
 Tamanho dos epidídimos:
1 - Ausente
2 - Pequenos
3 - Intermédio
4 - Grandes (quase completamente descidos)
5 – Muito grandes (completamente descidos)
 Conteúdo dos epidídimos:
1 - Vazios
2 - Quase vazios
3 – Intermédios
4 – Arredondados e quase cheios
5 – Muito arredondados e totalmente cheios


Estado reprodutivo de Myotis emarginatus: tamanho dos testículos - 1, cor dos epidídimos - 4;  tamanho dos epidídimos- 5 e conteúdo dos epidídimos - 5.